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PESQUISA EM ANDAMENTO

 

- Pesquisa 01

O “cohorte” de policiais militares no decênio 2014 – 2023: O caso da socialização profissional na PMMT.

 

1. Realização: Centro de Desenvolvimento e Pesquisa da PMMT

2. Coordenação: Ten. Cel PM Fernanda Leonel Machado, Mestra em Educação (UFMT) – Coordenadora do CDP

2.1 Responsável Técnico: Cabo PM Laudicério Aguiar Machado, Doutor em Administração (UNIMEP) – Assessor de Ciência e Pesquisa do CDP

3. Equipe Técnica:

2º Ten. PM Anderson Przybyszewski Silva, Mestre em Antropologia Social (UFMT) – Assessor Administrativo do CDP

3º Sgt PM Josemy Brito da Silva, Acad. do Programa de Física. (UFMT) – Assessor Administrativo do CDP

3.1 Membros da Equipe anterior: Cel PM RR Edson Benedito Rondon Filho. (UFRGS) Doutor em Sociologia

Ten. Cel PM Sebastião Carlos Rodrigues da Silva. (UFMT) Mestre em Sociologia 

2º Sgt PM Enzi Cerqueira de Almeida Junior – Dr. em TI

4. Tema: A socialização profissional observada no âmbito da Polícia Militar de Mato Grosso.

5. Delimitação do tema

A socialização profissional dispensada aos ingressantes na Polícia Militar no recorte temporal entre o ano de 2014 a 2024, possibilitando o conhecimento do processo de ensino-aprendizagem do saber técnico profissional e dos valores intrínsecos aos sujeitos de pesquisa e de sua modificação ao longo da vivência no ambiente corporativo.

6. Problema de pesquisa:

Como a socialização organizacional ofertada pela Polícia Militar de Mato Grosso aos seus integrantes interfere na ação profissional de seus membros?

 

7. Hipótese:

O perfil geracional dos neófitos ingressantes é conflitante com a socialização organizacional processada na PMMT que deve ter suas práticas organizacionais voltadas ao atendimento da dinâmica social.

8. Objetivos:

8.1 Geral:

Compreender como se realiza a socialização organizacional das novas gerações que optam pela carreira policial militar e as tensões geradas entre o mundo civil (dehors) que precede o ingresso na organização policial e o mundo castrense (dedans).

8.2 Específico:

a. Identificar as percepções e anseios dos novos policiais militares estaduais frente à carreira que optaram;

b. Descrever o perfil sócio-econômico dos policiais militares ingressantes na PMMT;

c. Relatar a percepção dos sujeitos de pesquisa sobre a socialização vivenciada durante e após o período de formação profissional;

d. Descrever a práxis envolvida na formação profissional inicial do policial militar, objetivando contemplar o chamado currículo oculto;

e. Compreender como se processa a vivência organizacional e a internalização de disposições multifacetárias no período ‘pós-formação’ profissional;

f. Explicitar o que se cristaliza desse processo passado uma década de vivência organizacional.

9. Justificativa:

Como dito por Rondon Filho (2013), “(...) a socialização policial foi objeto de pesquisa no ano de 2011 nos países francófonos, resultando em produção especifica sobre o tema na revista “Deviance et sociéte” editada na França”. Iniciativa idêntica ainda não foi observada no Brasil onde a formação e socialização policial é muito pouco pesquisada ou explorada, vigorando estudos tangenciais e indiretos ou em reserva de compreensão às instituições policiais.

Nesta perspectiva, é mais que necessário conhecer os processos de socialização das diversas organizações policiais, com ênfase naquelas que possuem estatuto militar, possibilitando assim definir políticas públicas que dinamizem a vida dessas organizações e as preparem para recepcionar as novas gerações que possuem características especificas e, muitas vezes, valores conflitantes com as práticas de socialização organizacional.

10. Referencial Teórico:

Conforme extratos de trabalho de Rondon Filho (2013):

A socialização pauta a interiorização de normas e sua compreensão caminha na coerência das disposições exteriorizadas nos diversos contextos.

Esse processo tem uma fase primaria junto a grupos de convivência mais direta, como é o caso da família, de amigos, da igreja, da escola, entre outras possibilidades, e também é constituída de uma segunda fase, desenvolvida no desempenho de atividades laborais junto aos ambientes organizacionais. Cumpre assinalar que nesta segunda fase gestam-se as ações exteriorizadas no exercício da ocupação.

Nesse raciocínio, os estudos gerenciais apresentam um indicativo de tensões que são identificadas nas relações intergeracionais, marcadas por distinção de valores, conhecimentos e comportamentos.

A singularidade da socialização organizacional da polícia militar é marcada por ritos e liturgias, convertidas em tradição e que se chocam com as perspectivas das novas gerações que estão ingressando na instituição, gerando conflitos que por vezes não são solucionados.

O corpo organizacional se relaciona de maneira antagônica com relação aos valores e comportamentos exteriores na tentativa de se consumar a máxima de instituição total, pela ótica de Goffmann e Foucault, o que nesses tempos de virtualidade e acesso aberto as informações sofre interferências ainda não definidas.

É nesta perspectiva que tentaremos compreender esse dilema chamado de socialização organizacional em face as novas gerações, utilizando para tanto a obra de Alain e Pruvost (2011); Becker (2008); Bittner (2001); Bourdieu (1980 e 2012); Bretas e Poncione (1999); Cassan (2011); Dubar (2013); Lahire (2002); Malochet (2011); e Monjardet (1996)